sábado, 4 de abril de 2020

UMA GUERRA AMIGA !


São 7 horas deste novo sábado de Abril.
Da minha janela, com estas cores do raiar do dia, ninguém diria que se trata de um novo dia de guerra. Tem também o chumbo próprio dos pesadelos, das perdas que teremos que suportar, das ausências e dos medos, mas tem a promessa que o calor do sol, o fogo, dissipará  essa negritude.

Na guerra, há quem morra de fogo provocado pelo inimigo e quem sucumba, por azar, ao fogo amigo, provocado pelos seus camaradas e que o apanha, sabe-se lá porquê.

Este espreitar o dia que aí vem, que será mais um de guerra, em que lá mais para o fim da manhã poderemos saber das novas contagens  de mortos e feridos, fez-me lembrar esta característica dos mortos em combate e das guerras que sempre temos tido e conhecido.

Fogo amigo, dizem sempre nas noticias. como se alguma vez, nas balas, nos tiros e nas guerras pudesse haver uma réstia de amizade !

Mas, ao contrário de tudo isso que eu possa sempre ter pensado, neste caso, estamos mesmo numa Guerra Amiga.

Sim, porque, ao contrário de todas as outras guerras, não há homens contra homens, uma parte da Humanidade contra outra. O combate, neste caso, é contra um inimigo invisível, um virus, mas que, na luta pela Vida, nos une a todos. 
Os homens estão unidos, o combate é de todos nós, de todos os povos, países, nações, cidades, vilas, aldeias e povoações. Mesmo dos cidadãos. Todos. 
Só os tolos, os desprovidos de senso, de juízo, se deixam ficar de fora. Coitados, a cabeça não lhes dá para mais. Alguns desses, armam-se em messias, arrotam ódios contra tudo e contra todos, são incapazes de se colocar ao lado  de todos os outros, guardando, está visto, o indispensável  distanciamento social !
Sim, porque mesmo na igualdade, todos somos diferentes, no ser, no sentir e no pensar.

As cores do raiar do novo dia são quentes, bonitas e prometedoras.
Prometem esperança, prometem e acalentam não só a esperança mas muita vontade de vencer.
Quero cá estar para ver e celebrar mais essa vitória. Afinal, faço parte de uma geração que celebrou muitas vitórias. Esta, será nova, diferente e muito saborosa. Será a vitória da  Vida!
Não sei se cá estarei ou não. Na verdade, qualquer de nós pode vir a ser um dos escolhifdos pelo infortúnio e não poder estar presente  na hora da vitória. E, isso mesmo, ter plena consciência dessa possibilidade que é real, deveria ser o suficiente para nos moldar o caracter, as atitudes, o coração e as palavras com humildade, colocar tantos que se julgam imortais, senhores de tudo, das verdades, das teorias, do conhecimento e das narrativas, ao nível do chão, do caminho que se pisa e da calçada. Nesta guerra, para a vencer, precisa-se, em vez de balas, de humildade, civismo, ética, amor fraterno por todos os  outros e muita inteligência e boas práticas para a vencer.
Talvez seja pedir muito. Pedir demais, mas, já os meus avós diziam, "com raio!", pedir e tentar, não custa.
Saúde, bom fim de semana, cuidem-se e passem bem. 
Com a certeza de vencer, como se diz em Belém e olhem que não é no Palácio!

Carlos Pereira Martins 









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