sábado, 30 de maio de 2020

Rising sun - da minha janela.

Este sábado, dia 30 de Maio, o sol e eu levantado-nos à mesma hora.
A ponto de nos saudarmos reciprocamente.

Fica o registo.










quinta-feira, 28 de maio de 2020



Durante a crise financeira e económica que em 2008 nos chegou vinda do outro lado do Atlantico, muitas vezes escrevi e fiz apelo para que fosse tido em conta que a economia é uma ciência social, não é uma ciência exacta como as matemáticas ou a fisica.


É muito simples de explicar. Cada vez que na politica económica se mexe numa variável, isso vai ter impacto em várias outras variáveis e realidades económicas e sociais.
Assim, se para diminuir o défice ou a divida publica se lança mão no corte de rendimentos e salários, imediatamente o consumo  publico e privado, o consumo das famílias vai diminuir. E, com isso, a produção, a oferta, terá igualmente que diminuir se não existe procura e consumo para os bens produzidos. Logo, o emprego vai cair, os níveis de desemprego vão disparar e a crise vai agravar-se.
Foi esse, exactamente, o erro da receita da Troica e do FMI, no passado recente. Foi esse o êxito do governo do PS e da chamada Geringonça ao tomar consciência e a tratar a ciência económica como uma ciência social e demonstrar que havia outro caminho, outra alternativa ao empobrecimento e à  desgraça generalizada para as classes mais desfavorecidas.

O grande argumento da altura, dos conservadores e e neoliberais  era que não se pode gastar mais do que o que se tem ou se recebe. E, se para a maioria da população ignorante em ciência económica isso fazia e faz todo o sentido, não carece de contestação, já o mesmo não deveria ser possivel constatar que tenha sido usado e adquirido por pessoas mais cultas, até por economistas com nome reconhecido na praça publica e acesso livre aos canais televisivos.

Recordo-me mesmo de na vida profissional ter tido “lições” de um colega que por acaso seria licenciado em economia argumentado-me que “senhor doutor, mas é como nas nossas casas, não se pode gastar mais do que o que recebemos, do que o que se ganha”! Fiz-lhe a devida critica com os meus botões, para não o chamar incompetente e ignorante.

O tempo demonstrou-lhes o contrário mas nem mesmo assim acredito que tenham parado para pensar e sair daquelas máximas adquiridas da formação judaico-cristã que beberam desde o berço e os vai mantendo satisfeitos, contentes, convencidos e inebriados.

Felizmente, por estes dias, a Comissão Europeia deu provas de estar consciente que em ciência económica nada disto é verdade.
Senão, vejamos, desde os primórdios das trocas comerciais internacionais, os mercadores, importadores e exportadores, faziam-se pagar ou pagavam através de moeda escritural, sem contrapartida directa em bens ou valores físicos que a mera relação de confiança e credibilidade permitia  conferir a determinados agentes ou pessoas em portos e cidades muito longínquas. Se não era prático e seguro fazer viagens enormes e muito demoradas transportando valores e moeda fisica consigo, correndo o risco das pilhagens, dos naufrágios e da pirataria, a solução foi criar a moeda escritural, as "bill of credit", letras de crédito ou de cambio, que criavam valor, criavam moeda sem contrapartida fisico directa. Criavam moeda escritural . Até ao Tratado de Breton Woods, a moeda fisica  criada e posta em circulação por cada Estado, por cada país, acentava na contrapartida real, na garantia de poder ser trocada por ouro, a qualquer momento. Assim, a toda a hora, a moeda em circulação, poder-se-ia dizer que tinha uma garantia de valor de troca aceite a cada instante, de  troca no Banco Central pelo equivalente em metal precioso, valor ouro, em reserva nesse Banco.
Depois, com as Guerras Mundiais, com os colapsos das economias, com a Grande Depressão de 1933 nos Estados Unidos, houve que lançar mão á criação e colocação de moeda no mercado para dar liquidez e fazer funcionar as economias, levantando e anulando a exigência da emissão de moeda com garantia do deposito em reserva-ouro  do mesmo valor .

E isto foi o equivalente a assumir que para funcionarem as economias e para garantir os níveis socialmente exigidos de emprego e rendimentos, poder-se-ia gastar, consumir e investir mais do que aquilo que se tinha ou que se recebia. 
Tão simples e tão claramente demonstrado quanto isto.
Claro que sempre o razoável é uma constante na vida que deve ser observada.  Em todas as realidades e facetas do “ social” a razoabilidade, a ponderação e o não exagerar, é uma lei mais do que natural. 
Já o Bispo de Viseu, D. José Alves Martins, dizia que a religião  deveria ser praticada como o sal na comida, nem demais nem de menos. 
Para além de certos limites, exagerar na criação de moeda, aumentar sem nexo a moeda , a massa monetária em circulação, leva ao disparar dos preços, subida  da inflação e da instalação de crises graves de sinal contrario, mas crises. 

Outro bom exemplo é a actividade bancária, desde sempre. Os Bancos não emprestam e fazem negócio apenas com o dinheiro ou os fundos que têm, nem com o património junto. Emprestam e fazem negócio muito acima daquilo que possuem em depósito e em património. Daí os rácios prudenciais que devem observar, os racios de solvabilidade e o famoso "Debt Equity Ratio".
Os Bancos e a Banca está a toda a hora a criar moeda. 
Segundo a lógica do moralismo, a viver acima do que tem, a gastar muito mais do que o que recebe ou detém !

Embora tão evidente, ainda hoje há muito boa gente e alguns economistas que numa conversa moralista ou mais própria dos púlpitos religiosos e menos dos compêndios de ciência económica, continuam a afirmar precisamente a perspectiva conservadora e moralista. 

Tudo isso pela simples razão de não terem em conta  que a Economia é uma ciência social.


Rosas da minha cidade - VISEU

Levantei-me muito cedo para as encontrar frescas e ainda com água nas folhas.
E parece que o meu esforço resultou.
Cá ficam, para alegrar os olhos de quem não teve a oportunidade de as ver ao vivo.