sexta-feira, 22 de abril de 2022

Hoje vou mesmo tocar num assunto escaldante.

 

Hoje vou mesmo tocar num assunto escaldante. 

Tão escaldante que, se por acaso o meu texto tocar lá no assunto a que se refere, deve doer para burro, como se dizia quando eu era mais novo.

Sendo verdade que todos procuram a felicidade e, com ela, o prazer que lhe possa estar associado, ou vice-versa, também é possível acontecer dessa forma, até há números que ilustram bem a minha ideia, por exemplo o 6 que ao contrário pode ser lido como 9, também é verdade que por vezes a procura do prazer chega não por vontade e decisão inteligentemente tomadas, mas pelo simples funcionamento hormonal, físico e muito natural, como a necessidade básica de procurar alimentos, energia ou de os libertar para fora do organismo nas suas componentes não assimiláveis e úteis à vida.

Pronto, fica à escolha de cada um e de cada qual, partamos pelo comboio que acabou de dar entrada na linha 6 ou no que já está pronto para sair na linha 9.

È que tudo isto pode ser alinhado e vir a ter um sentido no que pretendo escrever.

A dada altura da vida, no início da idade adulta ou ainda na puberdade, a actividade hormonal torna-se frenética. 

Num dos casos, género, chamemo-lhe assim, manifesta-se por uma enorme vontade de preenchimento, de introdução, sem que signifique aquelas primeiras páginas que nos habituamos a ler em cada livro e muitas vezes pouco de novo trazem ao assunto, apenas nos causam a sensação de a leitura a sério  nunca mais começar.

Noutro dos casos, e só tratarei dois apesar de nos últimos  tempos as descobertas de variadíssimas espécies, qual delas a mais exótica, mas todas respeitáveis, terem vindo a ser, ainda como quando eu era mais novo se dizia, mais do que as mães.

Então, no outro caso, chamemo-lhe também género, a actividade hormonal desenfreada manifesta-se por uma fortíssima vontade de preencher, de entrar ou de meter, sendo que não servirá de nada se for carta ou postal no marco do correio.

E, uma vez consumadas não as vontades intelectualmente e inteligentemente ditadas por cada um, mas resultantes da tal actividade hormonal inata, coisa vai, coisa vem, o ritmos repetem-se ou entram no tal movimento uniformemente acelerado que tão bem foi estudado na física e o PRAZER dá-se,  prazer vem!

Tão simples quanto isso, quem diria?!

Agora, vamos aos remates.

Este meu desafio consistiu em falar de uma coisa que comecei por dizer ser escaldante sem que me pudesse ser assacada a responsabilidade de para aqui vir descrever coisas inconvenientes, menos próprias, mesmo não sendo daquelas que as televisões ou os jornais que falam e mostram cadáveres em primeiro plano, por vezes dilacerados ou amputados, se recusam a falar pois os menores ainda poderão estar a ver !

Nada disso. Se alguém entender que eu tratei aqui esse tema que estarão a pensar, estará redondamente enganado. Só na cabeça dele alguém a coisa será essa. 

Será porque tem a coisa na cabeça e não em su sitio.

eu, por mim, tenho tudo nos devidos lugares, cada coisa onde a Mãe Natureza decidiu que deveria estar.

E pronto, cheguei ao fim ... e tive prazer, senti felicidade!

CPM, 2022.04.22


 


Na aldeia de Rosalina a tradição ainda é o que era!

 Na aldeia de Rosalina a tradição ainda é o que era!

Assim acontece, mesmo para espanto dos incrédulos, dos desconfiados e dos que de tudo duvidam, exactamente por tudo e por nada.
Quando vou à aldeia de Rosalina e passo em frente da soleira da sua casa, fico logo a saber se alguém lá está ou se todos saíram.
Se as chaves estão na porta, do lado de fora, está gente em casa. Se não estão, todos sairam.
Se sai algum fumo pela chaminé, por pouco que seja, o almoço está a ser preparado. Seja o rancho melhorado, seja mais simples ou só uma sopa ao lume.
A tradição, na aldeia de Rosalina, é tão como era, que o gás em canalização ainda ali não chegou. Nem a água dita da companhia embora água de boa companhia é aquela que ou Rosalina ou alguma das filhas vai buscar num cantaro à bica da nascente que continua, tradicionalmente, a matar a sede e a servir toda a aldeia. E, aí, a companhia dos que por lá estão para levar água para casa, é mesmo muito boa.
Mas os tempos são de mudança, a canção do Zé Mário também é cantarolada lá pela aldeia, passa por vezes na rádio. E os tempos que se vivem são realmente de modernidades e de modernices.
Há tempos, quando passei na aldeia de Rosalina, ouvi perfeitamente no adro da igreja o sermão do padre Miguel. Agora, mesmo sem quebrar muito as tradições, já há uma instalação sonora que permite a quem não vá dentro da igreja, por motivos variados, ouvir o que lá dentro o padre faz esforço por comunicar às pessoas, aos crentes, ao dito seu rebanho, já que aquelas são terras serranas e de pastagens verdejantes.
Dizia o padre Miguel que o Homem veio ao Mundo para ser feliz. Isso mesmo, é esse o grande desígnio da Humanidade, ser feliz. E, diz o cura, tão mais fácilmente o conseguirá se praticar o bem, se se aperfeiçoar, se for um bom cristão, melhor, um bom católico. Mais tarde, atingidos os objectivos na Terra, poderá usufruir da felicidade suprema, no Reino dos Céus !
Passei de novo, agora na Páscoa, na aldeia de Rosalina. Nada mudou com significado. A não ser o sermão do padre Miguel que continuei a ouvir ali próximo do adro da igreja, sentado num banco comunitário que me deixava ouvir o que vinha da igreja, ver as crianças que jogavam à bola na rua aproveitando a largueza da frente do chafariz e ver alguns homens que, por ser domingo, estavam a bebericar sentados à entrada da taberna do Zeferino por forma que o sol lhes aquecesse as pernas. Se o copito de aguardente lhes aquecia o espírito, o sol tomava-lhes conta do corpo. Isto, sim, creio que deve fazer sentir feicidade.
Por vezes, com coisas muito simples, é tão fácil descrever a felicidade!
Mas, no sermão de Páscoa do padre Miguel, o conduto dessa pregação, a substância, tinha mudado e muito. Dizia ele que estamos em tempos de quaresma, de sacrifício (como se os sacrifícios viessem só na quaresma e depois passassem a grandes farras!).
Tempos de privação para expiar todos os pecados, os nossos, os dos outros, todos os da humanidade. Que o Homem veio à Terra para sofrer. Sofrer para se redimir dos seus pecados, dos dos outros também, e atingir, isso sim, numa outra vida, sei lá se sentado à direita ou à esquerda de um Ancião de fartas barbas brancas, Criador e Sabedor. Deus Pai.
Não sei se vou voltar, ao domingo, pois nos dias de trabalho, de semana, não há sermão na igreja ou não é transmitido pelos altifalantes do adro. È que aquilo causou-me uma séria baralhação nos conceitos. Afinal, EU, vim ao Mundo, e confesso que não pedi nem para isso fui ouvido, para ser feliz ou para ser infeliz para num dito "mais tarde" atingir essa felicidade?
E que mal fiz eu, antes de nascer, enquanto me formavam ou depois disso, na minha pacata vida, para ter que expiar pecados, ainda para mais os da Humanidade? Dá-me um certo ar a Nações Unidas e eu nem me chamo Guterres, embora seja seu amigo.
Pronto, vou comemorar o 25 de Abril que, com isso, tenho a certeza que atingirei alguma felicidade, por efémera que seja.
Abraço de Abril!
Carlos Pereira Martins



domingo, 10 de abril de 2022

Grande Barreira de Corais - Cairns, Austrália

 Mergulhei na Great Coral Reef, na Austrália.

Hoje em dia, já não é possível, para protecção do eco sistema, dos corais. 

Detivemo-nos diante de um tubarão gigante, ficamos os quatro mergulhadores com o  guia especialista que nos conduzia, todos de joelhos, sem mexer, enquanto o animal não se foi embora. É uma experiência de gelar. Tanto a beleza dos corais que a minha máquina descartável não conseguiu captar, como a adrenalina de sentir ali tão perto o tubarão enorme.