quinta-feira, 30 de abril de 2020

Ter já idade para muito recordar, por vezes, faz chorar!


O canal AMC está a passar uma vez mais o filme Mamma Mia, com a excelente interpretação de Meryl  Streep.

E, passando  os olhos pelo ecrã, agora que são já  quase quatro da tarde e o almoço cá em casa foi tardio  por ser dia de empregada até ás três, emocionei-me mesmo, coisa que é muito frequente comigo, digo-o como "declaração de interesses".

Vieram-me à lembrança algumas  vezes em que vi Mamma Mia em Nova York, sempre só e muito bem acompanhado.

A primeira vez que vi  em teatro a peça baseada nas musicas dos ABBA, foi em Toronto, no ano 2000, no Royal Alexandre Theatre. Mas, dessa primeira vez, nem mais me lembrei senão agora ao escrever.

As lágrimas surgem ao recordar que em Nova York as coisas são muito simples, como ir a qualquer rua ou ponto de Manhattam, mas também muito complicadas, como ir ao teatro,  neste caso a um musical da Broadway.


Vi, no Winter Garden, na Broadway com a 7ª Avenida, Mamma Mia pelo menos três vezes, em anos diferentes, em Novembro de 2001,  2002 e 2004. Penso que esteve ali  em cena uns dez  anos. Aconteceu-me o mesmo com CATS, MISS SAIGON  e com CHICAGO, vi  também cada um destes  várias vezes, sempre na Broadway.


Em todas elas, comprei o bilhete no inicio da tarde em Times Square, no Tickets, onde há ingressos para todos os espectáculos e as filas começam ali junto à 7ª Avenida e por vezes vão até à  Rua 49.

A  parte complicada em Nova York está nisto: os teatros e espectáculos começam muito cedo, ás horas para nós europeus recomendadas para iniciar o jantar.
Chego ao fim da tarde ao hotel, tomo um duche revigorante , quente ou frio conforme a altura do ano, desço do andar quarenta e tal do Sheraton & Towers ali na 7ª Avenida com a 52 nd Street, atravesso
a rua e coloco-me na fila do Winter Garden.  Pelo meio, passo defronte de uma das melhores Steak Houses americanas, a Rosie's O'Garden que prepara e serve um bife que até na tumba me fará salivar, o verdadeiro  "filet mignon " com lobster tail. Isso mesmo, especialidade de N.Y, NY Sirloin  & lobster tail, com rabo e não só de lagosta, os lombinhos também. Para sair, um Apple Pie e um verdadeiro Irish Coffee americano mas impecável.






Isto é razão para arrepiar caminho e não ir ao musical.

Mas nunca hesitei e sempre pensei que o jantar ficaria para a saída do teatro. Acontece que, à saída,  a hora é de recolher e apenas comi, sempre, um empata fome qualquer numa Deli House, assim lá chamam as pastelarias e afins.

Vi, com a felicidade com que tantas vezes saio, cá em Lisboa, das peças do Teatro A Barraca, interpretadas por figuras míticas da canção e do cinema, ali ao vivo diante de mim, estas e outras peças que mencionei. Reforço esta, Mamma Mia, Cats, Chicago, Miss Saigon  entre várias outras.

Depois da vida que vivi, o que posso dizer? Que venha o virus e me leve para o raio que me agasalhe? Que nada mais me interessa?
Não, pelo contrario, penso mesmo que tenho obrigação de lutar pela vida. Pela minha e pela dos outros, por tudo de bom que ela já me deu e pelo bom que a vida tanto tem.

Com a consciência clara da muita sorte que fui tendo. Da vida que vivi.
Mas também com a consciência clara que não acredito que haja um ser humano, um apenas, que, por mais sorte, por mais felicidade, por mais riqueza, mais "remediado" ou mais rico que possa ser, tenha tido apenas essa parte da vida, a felicidade. Não, não é questão de fé, é ter a certeza que todos, mas todos os seres humanos, ao mesmo tempo que possam ser felizes, terão as suas amarguras, momentos difíceis, de dor e dificuldade.
Só que, a infelicidade de quem tem recursos para se alimentar, vestir e tratar da saúde se ela falta, não se pode comparar à de quem todos os dias nunca os tem nem teve e os momentos de felicidade são, por isso mesmo, muito mais uma ideia, um sentimento que nasce com a imaginação do que por uma razão objectiva.



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