segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Cada dia é feito de luz e de negro. Sem uma das partes, não há dia! Assim acontece com a humanidade, todos de cor diversa, todos com o mesmo coração !
Há, hoje em dia e há alguns anos para cá, neste chamado "Universo do Futebol", um conjunto muito significativo, em termos numéricos, devo acrescentar, de pessoas, talvez seja abusivo chamar-lhes adeptos, que se escondem no ar evaporado e nos gazes tóxicos que formam uma espécie de uma nuvem na qual toda essa matilha de lobos furiosos e de mal com a vida, com os outros que não sejam eles próprios e com o mundo, se escondem.
Encobertos num manto diáfano que os cataloga como "adeptos", "claques" ou "grupos organizados", nada mais impróprio pois a ausência de organização, a enorme falta de regras, princípios e a rebaldaria, bradam aos céus, se para estas coisas os céus algum dia abrirem uma fresta que seja das suas portas !
Atrás desse manto e envoltos nessa nuvem, juntam-se, como disse , os descontentes consigo mesmo, os ressabiados, os extremistas, os que na vida não conseguem fazer-se notar a não ser através da selvajaria, da barbárie, como aqueles que matam o pai ou a mãe, ou ambos, assegurando-se que para isso terão cobertura televisiva na hora ! Ou, então, os casos já ocorridos e vistos, terão sido ... pura coincidência, coisas do jornalismo, como diria o Senhorzinho Malta da famosa telenovela, "antesmente" transmita nas televisões, o repórter estava lá !
Aconteceu com Marega mas poderia ter já acontecido com qualquer outro cuja cor da pele se prestasse ao esvaziar de ódios, de raivas, desilusões, rancores, traumas e até ao esvaziar de testículos, que nestas coisas, Freud tinha razão, o sexo continua não a comandar a vida que essa é comandada pelos titulares de muitas contas em off-chores, mas a ter um papel importantíssimo.
Num destes dias fui visitar de novo o meu querido amigo Vicente Lucas. Mas poderia ter sido o Mario Wilson, o Matateu, o Hilário, Eusébio, o Alberto, os manos Alhinho, Coluna ou Jordão, aliás, todos estes foram meus conhecidos e bons amigos.
Olhei, olhos nos olhos, a cara com a pele negra ressequida pela idade do meu querido Vicente Lucas e cumprimente-o com um beijo como faço há anos.
Ele, com aquela cara meiga, rosto simples e de sorriso franco oferecido a quem o olha de frente, como o irmão Matateu, Eusébio e Hilário todos vindo das peladas com bola de trapos em Moçambique, é o exemplo vivo de que a cor da pele não pode marcar a correcção, a bondade, o coração e as aptidões de qualquer ser humano.
Nos dias que correm e em muitos dos que aí virão, os anti racistas que desabrocharam ao estalar dos noticiários e painéis da noite passada, encontraram o seu soldo assegurado se é ao minuto de audiências que a jorna lhes é contada.
Dada a gravidade da questão, é de dar de barato qualquer oportunismo. O importante é que denunciem, façam eco.
Mas mais importante seria e continuará a sê-lo, que esses profissionais da comunicação, todos os dias, passados, presentes e futuros se convençam e em conformidade actuem profissionalmente, que o desporto em Portugal não se resume a três clubes, por muito melhores que os outros todos possam ser. O desporto é vida, é uma dimensão importante da vida, é associativismo, é também e cada vez mais profissionalismo e alto desempenho, mas é viver em sociedade, viver em partilha com os demais e para todos os cidadãos virado. Um jogo é para disputar entre equipas, colectivamente. Não é, nem nunca poderá ser entendido uma guerra entre uns quantos e outros tantos e, muito menos, entre brancos e pretos, amarelos ou vermelhos!
Por vezes, muitas vezes, vezes demais, os comentários, o fanatismo e as disputas de audiências isso dão a entender. E, feitas as contas pelos especialistas de marketing e audiências, parece que resulta mesmo!
E, como resultado inevitável, aproveitado conscientemente pelas correntes xenófobas e radicais, pela extrema direita e de forma inconsciente pela não esquerda e também não direita mas tola minoria cega, insciente e fanática, conduzem-nos a situações como esta, que nos envergonham...!
A quem ainda tiver vergonha.
Felizmente, constato que somos ainda MUITOS a tê-la !
Viva o Desporto.
Carlos Pereira Martins
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