sábado, 23 de maio de 2020

O Monte Salvado, o nosso pinhal - parte 2

O Monte Salvado sempre fez parte integrante da Quinta da Aguieira, o nosso pinhal e um verdadeiro pulmão da cidade de Viseu.

Quando nos dividiram a quinta pelo meio para fazer a nova avenida e o prometido Parque Urbano da cidade, já lá vão doze anos, perdi  um pouco do meu passado.
No Monte Salvado, passava a pé para ir da Aguieira a Vildemoinhos a casa da minha avó materna, descia do pinhal para a linha férrea que ligava Viseu a Santa Comba Dão, a Linha do Dão, passava por uma zona que chamávamos "a Rocha" pois era como um desfiladeiro entre rochas enormes onde quase só cabia o comboio, continuava pela linha férrea e chegava a Vildemoinhos a casa da minha avó, mesmo com um mirante debruçado sobre o apeadeiro e a linha.  vildemoinhos foi a terra de nascimento do Carlos Lopes, um Campeão Olimpico. A sua mãe chegou a ajudar e trabalhar em casa dos meus avós, gente muito boa que bem recordo.

Cada pedregulho, cada lage, cada rocha, cada caminho, trilho,  aqui nestas fotos no Monte Salvado, tem uma ou muitas histórias da minha meninice e juventude. Onde com os amigos e companheiros combinávamos quem ia ser o grupo dos índios e o dos cowboys, por onde nos escaparíamos, onde nos esconderíamos, onde surpreenderíamos os "inimigos"!
Cada lage tem histórias, nossas e das que inoportunamente presenciávamos sem querer e pela calada, de casais namoradeiros a sonhar alto, apertadinhos e a acreditar nas promessas risonhas que ali se faziam, de casais amedrontados e escondidos, de  pedidos "mas tu compras-me a mobilia para a minha sala", dessa recordo-me perfeitamente da voz que vinha lá do meio das giestas, de tanta coisa boa e tanta coisa assustadora.
Susto e  medo de  ver de casa dos meus pais  as faiscas das trovoadas caírem em cima dos postes de alta tensão, ali mesmo no meio do pinhal, do Monte Salvado. Há fotografias dos postes que aqui juntei.
Hoje, sexta-feira, fui logo cedo dar uma volta a pé, desde a minha casa até ao Monte Salvado, o pinhal.

E, em cada lugar, cada pedaço de terra, arvora ou lane, reconheci cheiros, sons, memórias e coisa boas que agora, só mesmo ali e fazendo uso da minha memória posso saborear de novo.































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