Este é um tempo para estar em casa.
Este é um tempo para estar triste, longe dos amigos, a apanhar o pouco sol que em atitude amiga nos entra pelas janelas.
este é um tempo de tudo isso, que lamentamos mas que cumprimos pois que não se vê outro caminho que nos leve ao tempo antigo.
Este, apesar dos pesares, é um tempo de Esperança que nos aquece os corações.
Recordo frequentemente o que vou ouvindo cantar ao Sérgio:
"E vem-nos à memória uma frase batida
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida “
Nas palavras do Sérgio, mora com muita força a esperança, de dias melhores.
Mas elas não evitam o que se vai diariamente sentindo e que, se mudo de disco, tão bem o José Mário Branco descreve.
"Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei “
É que, se há coisa que é mesmo certa, é que de tudo isto, das causas, dos efeitos, dos entretanto e dos finalmente, ninguém sabe mesmo o que quer que seja com precisão. Pelo menos com aquela certeza que se tornaria indispensável para daqui sairmos com brevidade.
E leva-nos a adoptar uma postura que já há tantos anos o Chico Buarque nos relembra que é uma atitude possivel e frequente nestas circunstancias:
"Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido "
Quem me dera poder dizer, antes que o tempo o faça tarde, o que Vinicius de Morais tão claramente escreveu:
"Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos "
E, a este virus, a estes inimigos sem rosto, gritar-lhes as palavras de Zeca Afonso:
"Venham mais cinco, duma assentada que eu pago já
Do branco ao tinto, se o velho estica eu fico por cá
Se tem má pinta, dá-lhe um apito e põe-no para andar
De espada na cinta, já crê que é rei de quem e além-mar
Não me obriguem a vir para a rua
Gritar “ !
E, a vós, amigos meus, peço-vos que tenham presente que quem em ideais não acredite, por pouco que seja, por certo não vai disto poder dizer que saiu e venceu.
É que, como António Gedeão escreveu e o Manuel Freire tão bem canta :
"Eles não sabem que o sonho
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer
Como esta pedra cinzenta
Em que me sento e descanso
Como este ribeiro manso
Em serenos sobressaltos”
É isso, juntos, fazemos muito mais sentido, é o que se pode concluir deste exemplo que aqui vos deixo. Destes nossos Amigos, juntos.
Passem bem, cuidem-se e prestem atenção às palavras. As musicas, as melodias, são lindas, mas as palavras dão alma à alma!
Com muita amizade e fraternidade.
Carlos Pereira Martins
Sem comentários:
Enviar um comentário