segunda-feira, 15 de março de 2021

HOJE É O DIA DO POSTIGO !

 


HOJE É O DIA DO POSTIGO !

 Já depois de ter publicado este texto, coração amigo me lembrou da existência de outros postigos.
E não tardou que me viessem à memória postigos  passados que nunca mais todos aqueles que os tiveram que ver da alvorada ao pôr do sol, anos a fio, como castigo por desejarem e lutarem pela liberdade e pela democracia, por melhores condições de vida, educação, melhor repartição do que o trabalho produzia, pelo fim de guerras coloniais injustas e sem sentido, que não era apenas  para sí próprios, seria para todos. 
Pois também neste caso, tudo tem duas faces, como qualquer medalha. 
Esta é a face dos postigos do Aljube, de Peniche, do Tarrafal e de quaisquer outras masmorras. 
Esta é uma foto de um postigo real, do Aljube, que mão amiga me enviou.
Assim, o meu texto que era apenas de humor, fica com duas faces também. Esta primeira é séria e aterrorizadora. 
A outra face que a seguir mantenho, é aquela para fazer rir um pouco, para fazer bem ao espírito, como qualquer paracetamol hoje em dia se aconselha.


                                      Porta de cela e postigo - Aljube, Lisboa


Gosto muito do termo postigo !

Há muitos anos, a maioria das casas tinham nas portas uma pequena portinhola por onde se espreitava para ver quem vinha e se perguntava ao que vinha, o postigo.

Depois, tudo se modernizou e o postigo deu lugar aqueles pequenos orifícios, incrustados, o chamado óculo por onde se podia ver discretamente quem estava à porta e até, caso não fosse conveniente, fazer de conta que ninguém estava em casa.

Mais tarde, quase se generalizaram os  video-porteiros, que permitem ver imagem e ter som, comunicar. E aí virão dentro em breve aparelhos que permitirão tocar, apalpar e ter a certeza de quem se trata. Não seja um mascarado a fazer de conta que é um conhecido qualquer.

Entramos hoje numa nova etapa do confinamento e, de hoje em diante, tudo se pode fazer "AO POSTIGO" .

Gosto mesmo da palavra e daquelas recordações.

claro que bem cedo, ia eu para Santos, para a Barraca dar uma ajuda informática ao amigo Hélder Costa e ...zás, ...! dou com a já também amiga  Storiadora, ali ao cimo do arque Eduardo VII.

Que sim, que está contente e a partir de hoje vai passar também a trabalhar ao postigo. Como todos.

Isto do postigo é coisa já muito batida no estrangeiro, cá é que não era ainda utilizado na economia.

Chamam-lhe eles, lá fora, na estranja,  o GLORY HOLE ! Postigo, pois claro.


Quem não souber ou não esteja familiarizado com o termo inglês, aconselho que vá ao google, à internet, escreva Glory Hole e vai ficar a saber tudo, tudo, tudo! Vão ver.

É um buraquinho ou vários, na parede do escritório de trabalho  onde aparecem passarinhos ou passarinhas. O cliente, promitente comprador e utilizador, escolhe aquele de que mais gostar, serve-se e toca a andar.

Com a vantagem de se servir e ser servido sem ver o vendedor e sem que o vendedor lhe veja a cara.

Em Portugal, podemos  deixar ficar para a história que foi Antonio Costa e o seu Governo, quem introduziu de novo na economia o velho e esquecido postigo.

Agora, tudo vai funcionar mesmo "ao postigo" !

Lá fora, o postigo não tem pai, ou fundador, ou inventor, faz parte da  industria também chamada  " a mais velha profissão do mundo !" 

A Storiadora estava delirante, que agora é que o negócio irá render.

Eu, como economista que sou, deixo apenas esta ingénua pergunta: ser que a economia portuguesa e, em particular, o comércio, se irão transformar numa imensa rede de bordeis?

Mas, claro, Viva o Postigo !

Carlos Pereira Martins

( Cidadão fascinado pela cusquice de espreitar ao Postigo )

 


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