sexta-feira, 27 de março de 2020

Reflexão sobre a situação actual - a pandemia





1 - A Razão Natural

Chegados a este ponto, ao dia de hoje, ao correr da pena,  seria levado a escrever, muito naturalmente, que cada vez mais coisas se sabem e mais interrogações temos.
Não sei se assim é. Não me atrevo a fazer  nem uma nem outra das afirmações.

O ser humano é racional e social.  Tudo o que sabe e aproveita para assegurar a sua sobrevivência e conservação da espécie,  retira da faculdade de ser racional. Mas, só isso,  não teria assegurado a experiência, saber acumulado e nível de desenvolvimento  e conhecimentos até agora adquiridos. É  exactamente  da sua característica de ser social  que tudo o que retira da racionalidade  é potenciado, partilhado e consolidado.

É  legitimo e natural que, chegados ao dia de hoje,  muitos se interroguem sobre este estado  anormal dos dias que vivemos e sobre o futuro dos dias que virão.

Como terá tudo isto aparecido, de onde surgiu, porquê, em que circunstancias, a mando de quem ou de quê, para quê !

É sabido e sentido que a Natureza tem uma regra fundamental que rege as nossas vidas e,  no final de contas, tudo o que nos rodeia. A regra muito simples . E a do equilíbrio. 
Na Natureza os equilibrios permanentemente instáveis e inimagináveis, dão-se a cada fracção ínfima de tempo, ora com sucesso e a vida permanece, ora sem ele e a vida acaba ou possivelmente possa mudar de forma.

No nosso organismo, os equilíbrios  dão-se a toda a hora e são conseguidos através da conjugação, eliminação e acção de agentes que por si sós nos seriam letais mas que em condições ideais para fazer esses equilibrados nos garantem estar vivos.

A vida, tal como a temos vivido, tornou-se desenfreada, perdeu regras talvez necessárias aos  tais “equilíbrios”, perdeu referências e valores que, no final de contas, tinham mesmo muita razão de ser por fomentarem e ajudarem ao estabelecimento desses equiíibrios constantes, á guerra pela vida que cada organismo pratica a cada segundo de existência.
A ausência de valores leva progressivamente ao descontrolo, à falta de senso e ao desafiar das regras elementares da existência.

Na Natureza, há equilibrios que podem causar-nos estranheza. Imagine-se o que seria se algumas espécies deixassem de matar parte de outras, de se alimentar de outros animais, de outras plantas. Um exemplo simples, se os repteis, as cobras, deixassem de comer e matar ratos, roedores, o que seria ?  Os equilibrios nos campos e nas cidades, na lavoura e nas habitações perder-se-iam e seriamos invadidos por pragas e doenças.
E fiquemos por aqui quanto a exemplos  mas pensando nas tendências actuais para criticar a alimentação carnívora, a moda, não sei se racionalmente e com seriedade difundida e defendida para fomentar a alimentação vegetariana, para criminalizar os abates de animais, quase comparando, tout  court,  o criminoso  que são os maus tratos a animais com a sua criação, uso e  abate com fins alimentares.

Poderíamos por aqui continuar a tecer comentários e exemplos sem conta.

Então, uma das causas, a razão para a situação actual, poderia bem ser uma acção da Natureza para suster a acção humana no sentido dos desequilíbrios, do aumento desmedido do uso e consumo despropositado de recursos indispensáveis á vida futura, os aumentos populacionais inconsoláveis, fruto dos avanços do conhecimento e da ciência e do seu uso exclusivamente em proveito próprio, egoísta, no sentido de cada vez tirar apenas mais prazer, mais conforto e bem estar, desprezando os equilibrios fundamentais das regras da Natureza.
No século XIV assistimos ao grande aumento populacional, aumento de riqueza e desenvolvimento e, sabe-se lá se para repor o “equilíbrio” natural, a humanidade confrontou-se com a Peste Negra que dizimou uma boa parte da população.

Haverá sempre quem se possa inclinar para os aspectos religiosos, os castigos divinos. sinceramente que nisso só consigo ver  um escape para os mais ignorantes. 
Tendencialmente, a humanidade, quanto maior é o nível de ignorância e desconhecimento, mais refugio encontra nos falsos deuses, nos castigos divinos, em Deuses do Amor e da Bondade que de quando em vez, talvez por distracção ou por gozo próprio, se vão entreter castigando aqueles que amam e que criaram á sua imagem e semelhança. Nada mais absurdo, só próprio mesmo das trevas, da Idade Média.

Será que tem algum fundamento irmos encontrar resposta por aqui?
Sinceramente que acho racional, com sustento no conhecimento e na razão tudo o que escrevi mas não me atrevo a afirmar que assim seja.
Tudo é muito mais complicado que aquilo a que a razão e o conhecimento actual permitem chegar.


2 - A quem pode interessar a actual situação ?

Cá chegamos a uma pergunta muito pertinente.
A pandemia, o  corona-virus19, terá sido propositadamente desenvolvido por alguém, algum país, algum grupo para daí tirar vantagem?
Ou terá mesmo sido desenvolvido para fins científicos e, por acidente, deixado “escapar” de algum laboratório, tubo de ensaio, sitio onde estivesse contido e aprisionado?

O que podemos ver é que a pandemia é tão universal que não parece concebível que algum país, alguma potência  ou grupo politico possa ter estado na sua origem. Ninguém, aparentemente, dela tirará vantagens, todos serão atingidos mais ou menos por igual, infelizmente, em escala muito larga.

Potências que teriam nesta fase de desenvolvimento da ciência poder para o fazer ou interesses políticos de conquista ou domínio económico e geopolítico, quais seriam?
A China, já se viu, apesar de o virus ter surgido em pleno conflito de comércio, económico e politico com os EUA, viu-se já como foi dizimada, o que sofreu e está a sofrer. Incluindo governantes e estrategas militares.
Os EUA? Apesar da irracionalidade que caracteriza a actual Administração americana, os efeitos estão também a ser devastadores e avizinham-se poder atingir proporções ainda mais fatais para as vidas e para a economia que noutros países e continentes.
A Russia? Até agora, curiosamente, o bloco soviético parece não ser dos mais afectados. Também é verdade que, apesar do nível  global e da facilidade das actuais comunicações, o sistema politico vigente na Russia permitir-lhes-á, se assim o pretenderem, ocultar muito mais as realidades do que na generalidade dos outros países e continentes.
Do Japão, apesar do poderio económico e mesmo militar, não se pode concluir da sua responsabilidade ou iniciativa na crise pandemica.

Da Europa, …, muito menos pelas razões obvias.

Lá muito no fundo, com grande esforço, poder-se-ia concluir pela vantagem de um qualquer Grupo Politico-Economico, com um poder oculto mas absolutamente grande cujos membros e lideres se encontrassem muito bem isolados, preservados, talvez já vacinados e imunes aquando da libertação do virus, aguardando ainda a “limpeza e o colapso total” para,  de seguida, virem tomar conta do Mundo!

Isto, claro que é posíivel mas não o concebo senão numa narrativa de um qualquer conto de ficção cientifica, de teorias da conspiração, quase um capítulo da Guerra das Estrelas, da Guerra dos Mundos.

Confesso que creio que estamos ainda numa fase sem muitas respostas, com poucas evidências e que, com o passar de mais umas semanas ou mesmo um ou dois meses, se tudo não vier a ser resolvido com pelo menos uma certa visão de uma luz, por pequena que seja, ao fundo do túnel, tentar dar agora respostas a tudo isto é, não só impossível como, colocando-nos a responder racionalmente, correremos enormes riscos de ver a lógica e a racionalidade traída pelo desenrolar dos acontecimentos.
E vir, por isso mesmo, a ter enormes surpresas que nos deixariam de boca aberta!
Os vizinhos peninsulares costumam ter um tiro certeiro para situações como estas:  “Bruxas? Não acredito. Mas que as há, há!” 


3 - Então, o que fazer?

Esta é uma parte importante desta minha reflexão, sem duvida.
No futuro mais próximo, o importante é que não nos deixemos contagiar. Cair nesta altura num leito, que os não haverá, de um hospital, é coisa dramática. Isolamento total, sem visitas, sem ver familia e sem receber carinhos ou conforto, indispensáveis à cura, pelo menos do espírito. E bem sabemos quanto importante é um espírito saudável para ajudar à cura fisica.

Estar muito atento ás perspectivas de duração de tudo isto.
Uma coisa é durar um mês, umas semanas. Outra, bem diferente, até por razões de sobrevivência alimentar, é durar meses ou meio ano!

Estar preparado ou começar a preparar para soluções alternativas, de subsistência básica.
Em muito do que escrevi no passado, nos últimos anos, até em papeis oficiais, cheguei a comparar o bem estar e o nível de desenvolvimento que a actual geração encontrou com o que tinha a minha ou a dos meus avós. Nas ultimas décadas, os jovens e as crianças, na maioria citadinas, perderam a noção de onde os produtos, as coisas, vinham. Cerjeas, laranjas, feijão, alface ou  batata, mesmo a carne e o peixe, passe a publicidade mas a ideia geral é que tudo vem do supermercado, do Continente ou do Pingo Doce.

Nas gerações anteriores, ainda que o não precisassem de fazer, como todos eram muito mais rurais, todos sabiam como fazer um “desenrascanço”, como se planta uma batata, uma alface, uma couve, quando se pode ir colher, o que se deve fazer entretanto, cavar, regar, adubar. E, se a dificuldade fosse muita, sempre haveria uma mão amiga de um vizinho que daria a ouve, a batata ou o feijão. Ou mesmo um pedaço de terra para a cultivar. Fundamental para a subsistência, criar umas galinhas, dão ovos diários e carne, canja anos dias de doença, uns coelhos a que é preciso ir dar couves todos os dias, um porco que dá para durar na salgadeira mas é preciso engordar dando-lhe a lavagem todos os dias!

Os tempos mudaram e muito. As dificuldades e os problemas passaram a ser o novo jogo que saiu ou vai sair, o novo telemóvel, consola, festival de musica ou festa e o dinheiro , onde o arranjar para os ir comprar. E daí o crescente endividamento dos pais, das famílias.

Em caso extremo, o plantar uma couve, semear um bocado de terreno e ter para sustento imediato, deixou de ser possivel, por falta de conhecimentos mínimos, elementares.

Há que tentar, sem pânicos, dar a volta a isto. 
É neste caso, mais do que dar a esmola, ensinar a fazer, a pescar e a trabalhar. Porque vai ser preciso todos os dias, saber fazer. 

Pode parecer dramático e assustador. Mas, acreditem, que é só prevenção.
E prevenção básica, que nunca deveria ter sido ignorada.

Com muita amizade e sentado no mesmo barco,

Carlos Pereira Martins

(Economista)



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