quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Mexeram-me com os sentimentos!

 OS PALHAÇOS !

Pela estrada fora, que real festança,
saltam os palhaços em farta dança !
Rufam os tambores, fazem piruetas,
Dão saltos mortais !
A tocar ... cornetas !
A estrada fora é mesmo a VIDA, a que me refiro.
Os palhaços, esses, são tantos que nem quero nem conseguiria nomeá-los a todos, claro.
As piruetas são as habilidades que estão treinados e talvez já tenham nascido com o dom de as saber fazer, ludibriar o parceiro !
A tocar cornetas, era o que eu lhes desejava que passassem a vida a fazer. Mas a tocá-las a grilos, entendem ?
Agora muito sério.
Foi sem dúvida a vez em que me terei sentido mais usado, mais enganado e abusado no que tenho de mais valioso, os meus sentimentos profundos, os da amizade e solidariedade, de companheirismo e respeito por quem julgo amigo, colega e pessoa de bem.
Já escrevi que não cito nome algum, apenas deixo o meu protesto, alerta e denúncia.
A certa altura da vida profissional, colega minha, directora adjunta da mesma instituição, fez saber que estava mesmo muito mal, aquilo seria por dias ou poucos meses, enfim, foi um choque de todo o tamanho que apanhei pois sempre nos deramos bem, havia familiares da pessoa que eram meus amigos, uma notícia horrivel. Resumindo, com um fim destes à vista, o Presidente que era um humanista, um coração de ouro na verdadeira acepção da palavra, deu-lhe de imediato a reforma por inteiro, apesar da juventude da pessoa. Andaria por menos de 50 anos ou mesmo 50.
Ainda lhe fiz uns telefonemas quinzenais a saber do estado e a dar força e coragem.
Nessa altura, eu era Membro, Conselheiro, do CES português, com Bruto da Costa na Presidência.
E, vai daí, vejo, a partir de certa altura, a dita colega aparecer nas reuniões do CES como Membro a representar certa "corporação" de compradores.
Aquilo eram verdadeiras edições da Moda em Lisboa, das passagens de modelos pariseeenses, de tudo isso.
Consumismo, é verdade.
Vestimenta sempre de luxo, tailleurs do mais fino e caro, a mala abria-se e esperava-se pela assinatura da folha de presenças pois demorava a escolher entre uma das canetas Mont Blanc . ou das Cartier ... um show.
Ah, e entretanto, NÃO MORRIA !
Nos discursos aproveitava e falava do ex cunhado que na altura era, penso, Primeiro Ministro. E do marido que era agora Presidente do segundo maior Banco português, vindo do primeiro.
Confesso a náusea que o uso abusivo e desta forma dos sentimentos singelos, verdadeiros e muito humanos das pessoas me causa.
Vontade de disparatar ali, em público. Então e nunca mais morre?
Foi um verdadeiro golpe de mestre a que assisti.
Já antes, na profissão, e era eu director financeiro e providenciei o pagamento ao agente do cantor, me havia chocado imenso um espectáculo organizado sob os auspícios profissionais da mesma pessoa, com o cantor Júlio Iglésias no Estadio do Restelo.
Nesses idos anos, à volta de trezentos mil contos ( ainda em escudos) e a receita foi quase nula, bilhetes muitos dados ao desbarato, uma "casa" vazia.
Perguntava-me, quem ganhará com estas coisas?
Nunca encontrei uma resposta confirmada que me possibilite escrevê-la em público. Mas que tenho uma opinião, isso tenho.
Os clubes de amigos ou outros, as seitas religiosas, certas tertúlias, favos de pessoas ligadas por grandes interesses, não só dificultam mas impedem mesmo uma coisa que aparece mais na moda do politicamente correcto: a luta contra a corrupção !
E, sigam os palhaços que, para eles, penso eu de que, a justiça os considera inimputáveis.
Que vão tocar cornetas ... aos grilos !


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