quarta-feira, 30 de setembro de 2020
domingo, 20 de setembro de 2020
A BEM DA ECONOMIA E DOS ECONOMISTAS
É recorrente a minha afirmação e insistência no facto de a economia ser uma ciência social e não uma ciência exacta. Ou seja, não há resultados exactos e definitivos quando alteramos os valores ou as políticas que os determinam, actuando sobre uma variável, o investimento, o rendimento, os salários, o consumo ou o emprego.
Actuando sobre uma variável, tudo o resto pode com enorme probabilidade vir muito alterado também.
Pois bem, mas há sempre que ter presente que os economistas trabalham com muitas técnicas das ciências exactas, designadamente da matemática, estatística e seus recursos e modelos de grande complexidade, entre outros.
Nas escolas e faculdades de economia aprendemos sobretudo a construir "modelos" económicos, modelos econométricos, a trabalhar com eles, a evoluir de acordo com a experiência dos anos, dos conhecimentos científicos e a experiência profissional de cada um.
Claro que me refiro à macroeconomia, ás análises da conjuntura que é a situação da economia no curto prazo e também ás análises e previsões dos cenários macroeconômicos de médio e longo prazo.
Uma chamada para a memória que guardo de brilhantes economistas nacionais, como Pereira de Moura, Silva Lopes, Manuela Silva ou Antonio Simões Lopes, Bastonário que acompanhei em várias Direcções da nossa Ordem.
Todos eles, depois de uma reunião, debate ou longas reflexões, costumavam dizer: "ó diabo, vou introduzir isto lá em casa nos meus modelos" !
É a diferença entre um Economista e um comentador ou conversador de roda de amigos, de mesa de café ou de painel de televisão.
Claro que qualquer destes, nestas circunstancias que referi, pode ser licenciado em economia, ter cursos e mestrados, mas uma coisa é opinar como Economista, profissional e sério, outra é ao nível do cidadão comum ainda que com maiores bases teóricas. Mas, sem falar indo primeiro ver o que lhe diz um modelo económico, cientifico e com bases mais ou menos solidas, não será falar ou prever como Economista.
Depois há a divulgação ou confidencialidade e reservas nos modelos pessoais construídos por cada um nos bancos da faculdade e aperfeiçoados e desenvolvidos ao longo da sua vida pessoal, académica e profissional.
Refiro-me sobretudo aos Economistas macro, não aos financeiros e muito menos aos chamados gestores de empresas. Aí, claro que os modelos e estatísticas, métodos de previsão, são muito úteis mas não são esses os modelos económicos a que aqui me refiro.
Nos mandatos que fiz como Membro ou Conselheiro do CES, Conselho Económico e Social, recordo várias promessas da mais tarde formada UTAO e dos Ministérios da Economia ou do Planeamento, a pedido dos parceiros sociais, promoverem visitas aos seus serviços para mostrarem e explicarem os fundamentos com que eram elaborados os cenários macroeconómicos que serviam de base aos Orçamentos de Estado anuais e que requeriam o Parecer do CES.
Claro que nunca foi feito. Aliás, diz-se que o segredo é a alma do negócio e um modelo utilizado tem que reflectir sempre as opções das várias políticas de cada governo. NINGUÉM QUERERIA DESTAPAR POR COMPLETO A MANTA DAS OPÇÕES POLÍTICAS QUE TOMAVA. Daí que todos esses modelos viessem a ser ou fossem contestáveis, criticáveis, objecto de "faladuras" por parceiros sociais com interesses muito diversos. E, daí, só viria descrédito e mais confusão.
Em resumo, não dou atenção nem credibilidade aos discursos, opiniões , anuncios positivos ou de desgraça de colegas economistas, muitos creio que serão apenas "pseudo", quando vejo que aquilo não foi bebido de forma séria dos seus modelos económicos de trabalho e profissão. Que sejam apenas comentários como um médico dentista ou um biólogo poderia fazer como cidadão de iguais e plenos direitos.
Mesmo os que "tratam a coisa a sério", cada um tem o seu valor e credibilidade conforme o saber e experiência reflectidos nos modelos que usam.
Um economista sério, profissional, credível, vai simular antes de falar publicamente, no "seu modelo", por modesto e rudimentar que seja, o resultado que lhe pedem para comentar mais tarde.
Outra coisa, bem verdadeira, é que prever, claro, não é adivinhar. A qualidade das previsões mostra-se na amplitude dos desvios mais tarde verificados. É sempre de desconfiar das previsões que não apresentam desvios no final. Poderá significar que algo estava inquinado, talvez os resultados reais, finais, estejam fabricados, tornados cor de rosa, com o se usa dizer.
Muitas pessoas confundem ou ignoram o que é um economista. Recordo um colaborador, meu subordinado na altura, que me acompanhava muito em viagens junto das Comunidades emigradas e que, nesses anos em que muito me preocupavam os critérios de reconhecimento dos cursos e a atribuição das cédulas profissionais para o exercício da profissão por parte da Ordem dos Economistas cuja Direcção integrava, quando a conversa se proporcionava me dar conta da sua perplexidade e duvidas. Sintetizava assim,: "Ó senhor doutor, assim não me diga que o engenheiro Belmiro de Azevedo por ser engenheiro, não é dos melhores economistas portugueses...". E lá lhe tinha que recomeçar a conversa do que é um bom gestor, um excelente empresário e um profissional conhecedor e formado na ciência económica. Coisas da vida. São tão comuns !
Carlos Pereira Martins
(Economista)
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
OPINIÕES
Tenho um certo orgulho na atitude que sempre mantenho, e faço-o já sem esforço, de respeitar as opiniões diversas que me chegam, por vezes diametralmente opostas aquelas que eu possa ter.
E, só depois, tento analisar as razões de quem pensa de forma diversa. E, se acho que as minhas poderão contribuir para fazer pontes entre "extremos", torno-as publicas.
Por vezes custa-me, outras vezes não consigo mesmo chegar a entender o que motiva certas raivas, ódios, comentários e mesmo insultos a pessoas que de longe não os mereceriam, muitas vezes até diria "pelo contrário".
Li hoje escrito por mais do que uma daquelas pessoas que neste tempo de tecnologias muito avançadas começamos a tratar por amigos, um comentário sobre a Directora Geral de Saúde que me deixou perplexo. Ainda faço a diferença, deixo passar mas, para mim, amigos ou Amigos são outra coisa.
Claro que entendo a forma como ao longo do tempo, da vida vivida, da posição de cada um dos nossos pés no chão que pisamos, do meio social e politico que nos rodeou desde o acto da gestação, o nosso pensamento e posicionamento ideológico foi formado.
Concretizando o exemplo que motivou estas linhas, escrevia hoje alguém, seguiram-se escritos muito parecidos de "outros alguéns", todos me vieram parar por todos serem "amigos" de "amigos meus", que é inadmissível, é de uma incompet~encia atroz, que já deveria há muito ter sido demitida uma pessoa que cheguei a dizer na televisão que usar mascaras faz mal. E referia-se à Dra. Graça Freitas, passando a atribuir-lhe a ela e à Ministra da Saúde, outros exemplos de ignorância logo seguidos de pomposas ofensas pessoais como "bruxas" e quejandos.
Também entendo a luta política e o que a motiva, os interesses materiais, financeiros, industriais e outros, ora se não entendo... , e bem vejo como cá, na Europa tão União mas tão diversa, nos Estados Unidos da América, Brasil e noutras paragens, as forças que se julgavam afastadas da possibilidade de repetirem as atrocidades que no inicio do século XX tentaram em duas guerras generalizadas impôr à humanidade, estão já de pulmões bem cheios de ar venenoso e ansiosos de o expelir logo que o possam fazer.
Quanto ao tema de Graça Freitas, usar essa sua afirmação ou comentário nesta altura, nestes dias, com a experiência que tivemos todos que adquirir e aprender por nós próprios, é impróprio.
Apetecia-me qualificar de desonestidade intelectual e talvez não só. Não o faço porque não conheço suficientemente as pessoas que li para o fazer em consciência.
Poderá ser apenas falta de educação, de cultura, de conhecimentos, de saber viver e sociedade respeitando todos os que respeito mereçam, poderá só e apenas ser um escape psicológico para soltar as angustias, as raivas, os medos e as revoltas que toda eta situação com que fomos brindados e que, para quem professe alguma fé, não importará saber que religião, significará que os deuses do amor, da bondade por todos os homens, foram mais uma vez pelos deuses dos ódios e das vinganças, pelos demónios.
Neste processo do CIVID, não há certezas, não há quem possa garantir o amanhã, a cura, a mezinha ou o que quer que seja.
Usar a afirmação quanto ao uso de mascaras feita numa fase em que muito menos do que hoje ainda se sabia, as mascaras eram um bem só ao alcance de quem tivesse bons contactos na industria e dinheiro nas contas, em que de país para país, de centro de investigação cientifica para outro centro de investigação as opiniões eram divergentes ou opostas quanto ao uso da mascara fora das situações de doentes infectados para prevenção dos outros e de si mesmos, será no mínimo significado de malvadez, ignorância e falta de princípios.
As coisas, o que se diz, escreve ou faz tem um tempo em que é feito. E esse tempo corresponde a um determinado estado do conhecimento disponível. Tudo tem que ser contextualizado.
Reparem que não me cumpre nem quero passar por defensor de Graça Freitas. Nessas matérias não tenho sequer competência.
À Dra. Graça Freitas e a quem a rodeia, bem como aos milhares de Agentes de Saúde que na hierarquia se colocam abaixo dela, só tenho uma coisa a dizer-lhes:
MUITO OBRIGADO, BEM-HAJAM !
Carlos Pereira Martins
(cidadão português no pleno uso dos seus direitos de cidadania)
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
A FACE E O REVERSO, OU É TUDO IMAGEM ÚNICA ?
terça-feira, 8 de setembro de 2020
ENCONTROS IMAGINÁRIOS DE HÉLDER MATEUS DA COSTA - A BARRACA - Acreditem que não exagero mesmo. Tiro o maior prazer e divirto-me imensamente com os textos dos Encontros Imaginários escritos depois de um profundo trabalho de pesquisa sobre centenas de personagens históricos pelo Autor e meu grande amigo Helder Mateus da Costa
Como se não bastasse, tiro o prazer de fotografar, conviver e até ter cumplicidade no relacionamento muito amigo com a Maria do Céu Guerra, o Helder e os magníficos Actores de A Barraca !
Tivemos no dia 7 de Setembro mais um, com "Jaime Cortesão médico, político, escritor e historiador português oposicionista de sempre a Salazar e que nos ofereceu o retrato dessa época ainda Republicana, mas já com o fascismo a conseguir fazer a ditadura. A interpretação foi do jornalista José Rebelo, neto do pescador anarquista Jaime Rebelo que mordeu a língua para não falar na Pide e inspirou um magnifico poema a Cortesão, lido nos Encontros.