Fazendo fé na eterna ignorância dos homens, as igrejas criaram para si um sério problema logístico e demográfico !
A breve prazo, tendo em conta a relatividade do tempo na imensidão dos anos, do universo e das existências, das já conhecidas e das ainda nos segredos dos clubes de Bielderberg e dos eleitos, mais ano menos ano, mais século menos milénio, mais metro menos quilómetro, as Igrejas, o Vaticano e as suas dependências que povoam o mundo, irão ter um sério problema logístico e demográfico.
Nada de transcendente, de outro mundo, aqui bem a propósito dado que estamos a falar da maior filial do reino dos céus conhecida na Terra.
Os dogmas até há pouco mais repetidos e que sempre foram usados como bálsamos para acalmar, reconfortar e calar as almas, sobretudo as mais necessitadas, como também se reza nas missas e no Vaticano, irritadiças e mais atrevidas, diziam aos crentes que tivessem esperança, calma, perseverança e comportamentos afins, pois um dia chegaria, o da Ressurreição dos Mortos, em que todos se levantariam das tumbas e aclamariam o Senhor Deus do Universo.
A partir de então, todos viveriam em graça, em amor e fraternidade e partilhariam o reino dos céus.
Mas dogmas são dogmas, inquestionáveis mas, como bem se sabe, tantos deles como o inferno com as almas a arder até ao fim dos séculos, o purgatório ou limbo e outros, vieram já a cair de maduros, por decisão de oportunas e esclarecidas chefias do Vaticano !
A fé pode ser imensa, a doutrina e o messianismo prometedores mas, se já agora, com tanta gente a morrer todos os dias pelas mais variadas causas os recursos e o espaço para todos neste minúsculo planeta se revela tão exíguo, como raio é que, saltando todos à uma, não sei se à meia noite de uma qualquer aleluia, saindo afinadinhos, das sepulturas existentes e de todas as que já houve desde o inicio dos tempos e fazem agora já parte do betão de muitos condomínios fechados, os que ficaram em osso e os em cinzas, mais os que foram desfeitos ou comidos e expelidos pelas entranhas de bichos horrendos e pelos nossos irmãos canibais, ao longo dos séculos ad seculorum, como é que todos se conseguirão acotovelar neste planeta exíguo, sem se causarem calores, arrepios na espinha e nos pelos dos braços, com os apertos nas ruas e avenidas, aconchegos nos transportes e procedimentos e pensamentos ousados e atrevidos ?
O aumento da população no planeta é um facto, mesmo tendo em conta as alterações provocadas pela grande revolução dos costumes nos anos 60, o chamado amor livre que de amor na maioria das vezes nada terá a ver e com liberdade tudo teve. Foi muito mais a libertação merecida de um dos sexos mais contido e até aí sempre recalcado e uma redistribuição mais justa, à medida da evolução dos tempos, do prazer existente e tantas vezes nunca alcançado.
Se à redistribuição mais justa dos recursos e rendimentos dificilmente se chegou, muito pelo contrário, houve concentração acentuada num numero cada vez mais exíguo de pessoas, neste caso, foi conseguido.
Mas, se de aqui se possa inferir a causa única da natural explosão da população mundial, cuidado com as conclusões pois que estamos a falar de fenómenos sociais e, portanto, todos os outros que com este possam estar inter relacionados, contam para o resultado final. É tal qual como com as variáveis económicas, sendo a economia também uma ciência social, tudo implica modificações em tudo.
Importante, para aqui chamada, foi a descoberta ou a liberalização dos anticoncepcionais de uso alargado, creio que nos meios mais beatos lhes poderão chamar “armas de destruição e perdição massiva”, que vieram permitir o fácil acesso ao prazer e evitar as consequências da conversa de pé de orelha poucos meses depois inevitável com os pais e em maior escala, nove meses mais tarde, numa maternidade bem próxima de cada um.
Depois, como se isso já não bastasse, chegou a pílula. Mais prática, mais eficiente que as antigas camisinhas, coisa que antes da era espacial, da ida da cadela Laica ao espaço, se dizia que eram de Vénus. Talvez por serem camisas sem mangas e se acreditasse que os extra terrestres não teriam braços, não faço ideia.
Uma enorme coincidência no nome da cadela russa que foi lançada no espaço pois que, atrever-se a chegar tão perto do Criador, só poderia realmente ter sido alguém laico dos quatro costados !
Depois ainda, ou em simultâneo, a massificação da televisão, mais programas, menos tempo disponível para acamar, tudo a puxar no mesmo sentido. E a atracção e moda pelo amor entre iguais, falando de género. Tudo isso converge com os anti convencionais !
Ainda recordo uma briga de todo o tamanho entre o Bernardes e o Manel João, no recreio da minha escola, coisa que chegou a partir um dente a um e um dedo polegar a outro, nódoas negras, calças rasgadas e terra nos cotovelos aos dois, entre a berraria de todos os outros que assistiam entusiasmados e os cercavam numa roda porque um deles , no meio de uma discussão quando se jogava ao “abafar cromos da bola”, chamou ao pai do outro “ATEU” ! “O teu pai é um ateu !”.
E levou como resposta : “Ó meu paneleiro, vais já ver quem é ateu !” . E assim começou a luta empolgada entre os dois mais avantajados , mais repetentes e mais fortes da terceira classe desse ano.
Creio que uma boa parte desses meus condiscípulos da altura, são hoje ateus ou agnósticos. Também alguns deles, aí não consigo imaginar quem mem quantos, não se sentiriam ofendidos se fossem chamados homossexuais. Não paneleiros, que isso ofende e é muito diferente.
Bom, mas nada disto tem relevância bastante para ocupar espaço ao problema maior que as religiões mais seguidas, as que colocaram sempre como esperança redentora a ressurreição dos mortos, terão agora entre mãos.
A bem dizer, a coisa só poderá ser minimizada, mais controlada, se uns ressuscitarem santos e outros demónios.
Uns virão de branco vestidos e outros de vermelho. Ou, ficando aqui só pela Segunda Circular, uns de verde e outros de vermelho ou encarnado, assim falando se as tendências políticas não se esfumarem na ressurreição.
E, com muita naturalidade e concentração de esforços, munições adequadas que possam trespassar corpos ressuscitados, não sei sequer se imunes a novas mortandades, uma dessas metades conseguir eliminar rapidamente a outra.
É que nem um confinamento, um recolher obrigatório, um dos melhores e mais convincentes discursos de um amigo Primeiro Ministro que conheço me parece que possa adiantar alguma coisa para este caso!
Valha-nos Santa Barbara se ao menos esta for eficaz para tamanhas tempestades e trovões !
Passem bem e, protejam-se, para não aumentarem ainda mais a espécie e por causa do virus, também !
Carlos Pereira Martins
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