(fotos com pedido de não copiar, todas tiradas por mim)
Nos anos anteriores ao despoletar da crise económica e financeira com origem muito clara nos Estados Unidos da América e que abrangeu práticamente todo o mundo, a questão das alterações climaticas e das medidas urgentes a tomar para combater a tragéda que já se previa, estava, de facto, na chamada ordem do dia.
Nesses anos, os alertas e as acções a tomar foram muito decisivamente impulsionados pela acção quer de Gorbatchev com a Cruz Verde Internacional a que presidia e com sede em Geneve , na Suiça, quer das tomadas de posição publicas em conferências e em livro, de Al Gore, o antigo Secretario de Estado Norte Americano.
Foram muitas as agendas e ordens de trabalhos do dia de inumeras reuniões, para cada grupo especializado que, quer o Comité Economico e Social Europeu quer o próprio Parlamento Europeu, agendaram com pontos específicos sobre as questões climaticas.
Participei em alguns pareceres, nessa altura, dedicados aos temas do combate ás alterações climáticas e das boas praticas a encetar.
Assim como , por contacto que teve na origem o meu amigo Presidente Mario Soares, participei com Gorbatchev na Cruz Verde Internacional, na Suiça.
Nesses tempos, o que se escrevia e dizia era mesmo de fazer crer que as questões climaticas iriam subir de tom, de importância e carreariam maior quantidade dos recursos disponíveis e tempos de trabalho quer do Comité Economico e Social Europeu , quer do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia e do Conselho.
Aconteceu, no entanto, que em 2008 outros valores mais alto se levantaram com o inicio da crise financeira que acabou por ser economica, igualmente.
Tudo e todos, as agendas, os Pareceres, as pessoas, os peritos, os tempos de trabalho e os recursos disponíveis, passaram a ser quase exclusivamente orientados para a “solução da crise”.
Quem, no entanto, mantinha a calma suficiente para pensar, parar e eleger prioridades, colocar as coisas segundo uma ordem de importancia, obviamente que a crise financeira teria que ser definida como o assunto a tratar “de imediato” e outras questões teriam prioridade mais baixa mas não poderiam ter sido esquecidas, arredadas, quase proibidas de falar, como aconteceu com o clima.
O mesmo aconteceu com outros objectivos como, por exemplo, a redução da pobreza ou, como na altura era designada, a Pobreza Zero.
Este foi e é o enquadramento temporal do debate e do trabalho sobre estas questões.
Mas há uma verdade muito mais cruel que não tem sido trazida com clareza para o debate posterior á crise.
Os efeitos das alterações climáticas eram previsiveis, eram os que agora temos visto e já conhecemos da vida real e não só dos livros ou das palestras.
Quando se dizia que o derreter dos glaciares em grande escala, o aquecimento, os fogos florestais, os fenomenos de ondas gigantes que tudo arrasam, a perda de praias e areais bem como das habitações, aldeias costeiras e terrenos, tendia-se tudo isso como coisas que eram faladas e esperadas. Só que, pensava-se até há muito poucos anos que isso seria para a geração dos netos dos nosso netos.
Afinal, grande surpresa para os distraidos, tudo isso aí está, já hoje e com prespectiva de se agudizar e aumentar muito rapidamente.
Como tudo na vida, não valerá a pena reclamar ou rogar pragas a quem assim se comportou e comprta. Saber isto é um previlégio só de quem muito já viveu na vida, só de quem muitos anos de vida já tem, aqueles a quem uns maldosos chamaram “a praga grisalha”. Mas lá que sabem,sabem.
Sabem que todos estes fenomenos, todas as desgraças bem como as grandes conquistas e avanços tecnológicos e civilizacionais, são inevitavelmente aproveitados pelos sangue-sugas comerciais, os chamados empreendedores, investidores e inovasdores insaciáveis.
E, com as questões do clima, está a passar-se inquestionavelmente isso.
Se a aglutinação de pessoas em prol do combate aos maleficios humanos em tudo o que pode interferir com o clima, é uma boa causa, o negócio enorme que está montado e tantas vezes, como se diz que faria Frei Tomás, procedendo exactamente em prejuizo do clima e da defesa do Planeta.
Em 2005 fiz uma longa viagem pelo Alaska e de visita aos glaciares dessa região tão a norte do Planeta.
Tive o enorme previlégio de ver, ali ao vivo e de perto, os enormes glaciares, o gelo a quebrar, lindo, maravilhoso, com um azul nunca antes por mim visto no gelo novo que permanecia quando as grandes placas quebravam e se separavam com um som ao mesmo tempo magnifico mas aterrador. Ali, ao lado da varanda do meu camarote no navio !
Mal fazia ideia do sinal que tudo aquilo me estava a transmitir sobre a catastrofe iminente. Vi o recuo desses glaciares, em fotogrfias sequenciais expostas ao publico que os visitava. Foi o primeiro sinal sério e real que me foi dado observar.
Sou economista e sei que a economia é uma ciencia social, o que significa que, quando se actua em termos economicos, qualquer medida tomada sobre um indicador, uma componente, vai inevitavelmente ter repercussões sobre muitas outras variaveis.
Está demostrado, até por experiências recentes, que o cortar rendimentos e salários para fazer descer o endividmento, vai imediatamente influenciar e fazer cair o consumo das famílias e vai reduzir a procura e a produção, logo, reduzir o emprego. E , daí, os resultados obtidos serão nada confortaveis para o conjunto da economia e, pior do que isso, para o bem estar da sociedade.
Há muito quem utilize uma expressão a que fomos habituados dizendo que “o que é preciso é criar riqueza”.
A mior parte das pessoas que a utilizam vezes sem conta, fazem-no com um intuito e conteudo absolutamente ideológico, politico. Utilizam a expressão “criar riqueza” para se demarcarem, oporem ideologicamente aos supostos apoiantes de posições ideologicas de esquerda, socialistas ou, sobretudo, as de modelo comunista.
Começou a ser muito usada a expressão ainda nos anos oitenta, por executivos, economistas e pessoas que procuravam de facto deixar claro que se opunham á logica de uma esquerda tradicional e com muita força nessa altura.
Mas não queriam dizer mais do que isso.
Era moda e pensavam que os colocava no topo dos modernos investidores, empreendedores e fazedores de opinião dessa altura.
Outros, utilizavam a expressão “criar riqueza” numa logica de aumentar a produção nacional, aumentar o produto interno bruto de cada país, incentivar e fazer crescer a economia pela criação de valor acrescentado na produção. E, até aí, tudo bem, tudo certo.
Mas também é sabido que a economia se move ao sabor de ciclos, uns de crescimento e aumento do nivel de vida, da produção, emprego e bem estar, outros de sentido exactamente oposto.
Exactamente porque a economia é uma ciência social e os movimentos de crescimento ou decréscimo de uma variavel, vão influenciar várias das
outras variaveis e, por fim, conduzirem a desiquilibrios globais que fazem inverter o ciclo económico.
Aumentar a produção, a chamada criação de riqueza a todo o momento, vai fazer crescer igualmente o consumo, os rendimentos, a procura , o que vai exigir ainda mais produção e dar retorno de mais salários e mais rendimentos ás pessoas singulares e ás empresas. Mas vai exigir a utilização maior e mais exaustiva de recursos, quer mão de obra e maquinaria, quer de recursos naturais, minérios, madeiras e energia. Mais exploração mineira, mais abates de arvores, mais utilização de energias, mesmo que elas sejam um misto de fosseis, solares, hidraulicas e nucleares, vai por isso mesmo provocar ainda mais desiquilibrios ambientais.
Menos florestas, menos ecossistemas equilibrados, mais ataques á camada de ozono.
Mais produção de riqueza pode ser sinónimo de mais produção de pobreza.
Como os recursos para produzir mais e mais são muito escassos, a sua utilização e prospecção desenfreada levará a mais desiquilibrios ambientais, inevitavelmente.
E a produção, as fábricas, não vão poder dar resposta á maior procura rapidamente instalada. Vê-se já isso com as novas tecnologias e o aparecimento semana a semana de novas soluções e produtos que , psicologicamente, vão fazer parecer e tornar obsoletos os acabados de adquirir há pouco tempo.
Geram-se desperdicios gigantescos sem justificação e o resultado só pode ser o empobrecimento muito acelerado de recursos do planeta e dos cidadãos. O empobrecimento objectivo e socialmente perceptivel de toda a humanidade.
A moderação e os equilibrios entre estas duas situações de ciclos economicos de prosperidade ou de crise, depressão, é conseguida através de “empurrões” nesse sentido dados pelos governos e pelas politicas economicas que executam.
Mas tudo isso tem que ser feito com muita prudência, moderação e serenidade, para não ser de efeito pernicioso e contrário, levar a maiores desiquilbrios. O que se convencionou chamar “morrer da cura em vez de morrer da doença”.
Com o clima, ao contrário do que tantas pessoas pensam, ou talvez nem pensem , agindo por impulsos ao sabor das modas do momento, tudo o que procurei dizer anteriormente é valido e tem que ser observado.
Exactamente porque o equilibrio e a preservação da qualidade climatica, do abrandamento do degelo dos glaciares, dos fenómenos destruidores como os tufões, ciclones, aquecimento global, rombos na camada de ozono e morte dos ecossistemas como a grande barreira de corais, a Coral Reef na Australia onde nos “bons velhos tempos mergulhei e me senti agradecido á Natureza, a floresta amazonica, entre muitos outros, só se consegue com politicas orientadas no sentido ds defesa do Planeta pela generalidade dos paisies , sobretudo os fortemente indusrializados e, muito menos, com efeito como gota de água num oceano, pela abestinencia do uso de sacos ou garrafas de plstico.
E, atenção, na situação em que o planeta se encontra neste momento, tudo isso, mesmo as pequenas acções, são necessárias .
Mas que ninguém se convença que nada resolverá Portugal ou toda a Europa deixar de usar sacos de plastico, passar a utilizar carros electricos ou bicicletas para resolver o problema climatico.
E estão ainda por apurar os efeitos que todas as novas tecnologias, virão a ter no contexto global do desiquilibrio climatico e ambiental do Planeta. A utilização, criação e aumento em exponencial dos campos magneticos, das ondas electricas e outros fenomenos daí resultantes, não está sequer estudada nem parece haver um conhecimento actual confortavel e adequado para as avaliar.
Não há muitos anos, é relativamente recente, recuemos há dez anos, a 2006, 2007 ou 2008.
Começava então a falar-se com mais preocupação sobre o clima. E não se pode nunca esquecer que nas agendas dos media e no que é conversa de circunstancia da esmagadora maioria das pessoas, o importante é sempre o tal “efeito moda”. Começava a ser moda falar sobre as preocupações com o clima e o ambiente. A onda verde que assolava a politica e arrecadava votos , sobretudo na Alemanha e países do norte da Europa, deixava antever a popularidade que o tema conseguiria alcançar e, claro, a sua tradução em votos, o que é sempre um factor importantissimo para motivar nesse preciso sentido todos os politicos e agremiações partidarias.
Mas, na verdade, ao falar-se, há dez anos atrás, no recuo dos glaciares, no degelo, no buraco do ozono, nos fenomenos agresseivos meterorologicos,e, muito em particular na falta de água, nunca, penso eu, alguém no universo do cidadão comum, não da comunidade cientifica, obviamente, pensou que tudo isso, toda essa conversa que fazia moda, viesse a concretizar-se tão cedo, AGORA mesmo !
Tem acontecido tudo muito rapidamente. As tragédias meterorologicas, os tsunami, os ciclones, os dias de verão em que, repentinamente, numa cidade isolada de um pacato país como o nosso, bem situado geograficamente, não demasiado exposto a factores extremos que, em certas regiões, possibilitam e incrementam essas situações, de repente, uma precipitação invulgar, uma queda de granizo descomunal, vão destruir os haveres de uma vida de quem deles depende e as próprias vidas das pessoas.
Repito, há uma decada atrás, falava-se destas hipotecticas situações como “coisas horriveis” que o futuro , talvez longinquo, poderia trazer.
Agora mesmo, aí as temos tido e a ameaça de uma muito maior frequência é muito real.
A água, com tantas culturas á mingua, com tanto gado a sofrer sem a poder beber, tornou-se já um bem dos mais escassos, em breve será coisa de ourivesaria ou dos recantos “gourmet” !
Querer resolver, mesmo que seja só em parte mas com algum significado, a questão ambiental e a habitabilidade do Planeta, só pode ser feito com um comprometimento e empenho politico dos principais paises industrializados e poluidores. Sem o comprometimento politico da China, Estados Unidos da America, India, Japão, algumas economias do pacifico produtoras de tudo o que mais atenta contra o clima, é mera ilusão. Reduz ao ridiculo as medidas, esforços, impulsos e gritos lançados de pequenos países como Portugal, da generalidade dos paises, talvez.
Até há bem pouco tempo, por exemplo, era voz comum nos paises, decisores e nos dirigentes das empresas mais poluidoras que o mar lava tudo e tudo desfaz. Hoje, poucos anos volvidos, temos a prova que essa maquina de purificar como se pensava que era o mar, está já saturda de detritos, de dejectos, de plasticos e materiais venenosos que levam á extinção de especies marinhas e de ecossistemas indispensaveis á vida no Planeta.
Mas há uma realidade por mim próprio vivida e constatada que alerto para que seja tida na conta merecida.
É que não é pelo facto de tudo só se poder resolver com o envolvimento e compromisso politico de alguns já citados grandes países, grandes em área, recursos, poder politico e em agressões ao Planeta e desaforos ambientais, que as acções publicas, as politicas, as manifestações e tudo, mesmo tudo, que se possa fazer em prol deste problema que é mundial, perdem uma pontinha sequer de importancia.
Se não, recordemos a experiencia portuguesa, não de há nuitos anos, ainda bem viva nas memórias das pessoas, pelo menos, da minha geração.
O derrube do regime de ditadura, o fim da guerra colonial e a reconquista da liberdade e da democracia foram , como não poderia ter deixado de ser, obra dos Militares de Abril, do poder das armas e do novo poder politico que esses militares deram de mãos abertas á sociedade civil de acordo com o seu programa (Programa do MFA).
Mas, nem por isso, as greves estudantis contra a ditadura e a guerra colonial, as manifestações populares, as acções do MUD, da CDE, da candidatura de Humberto Delgado, das canções de intervenção ( reconhecidas pelo José Mario Branco como uma arma), a força clandestina de tanta gente sem partido politico, ou, se quizermos, Militantes da Oposição, ou os do PCP, do PS, da LUAR, etc, tiveram menos importancia na solução democratica.
Nunca fui moaista nem por aí perto andei. Mas recordo uma velha máxima chinesa segundo a qual um grande monstro só pode ser abatido á força, á bala, talvez. Mas que é muito importante qualquer pequena acção que contra ele seja dirigida, mesmo o vergastar com um ramo de pequenos arbustos, pois é mais um contributo para o seu desgaste. Mais ou menos isto pois esta cultura politica ou ideologica nunca foi o meu forte. A ideia e o valor é esse mesmo.
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